A Adolescência é uma fase esquisita da vida. Esquisita mas boa. Boa mas ruim. Tudo isso ao mesmo tempo.
Adolescentes mal sabem de onde vieram, nada entendem do que está por vir mas para eles tudo parece ser mais fácil do que realmente é e, ao mesmo tempo, coisas banais apresentam-se como barreiras intransponíveis. É um tipo de paradoxo da existência: seres novos demais para estarem prontos e completos demais para ainda estarem em formação.
Mas ela, tal qual a vejo hoje, é bastante diferente da que me lembro, há 15 anos atrás, quando a vivia plenamente. Olhando mais de perto, percebo que os fins não são tão díspares mas os meios, estes sim estão bem diferentes. Os meios de comunicação, o meio-ambiente, o meio-termo, a meia-entrada, tudo mudou. Até a meia-vida, que antes estava por volta dos 30, hoje quase já passa dos 40 e, com isso, a adolescência de hoje também se prolonga, deixando para trás muitos que, menos de um século atrás, podiam ser considerados quase senis.
Uma diferença fundamental é que hoje os adolescentes estão muito melhor municiados. Conhecem e fazem coisas que eu sequer imaginava serem possíveis alguns anos atrás. Sabem tudo de tecnologia, entendem tudo de sexo e têm tanta informação nas mãos que fico até aliviado que não saibam ao certo o quê fazer com ela, senão iriam facilmente dominar o mundo.
Não me lembro exatamente quando foi a última vez que parei para escrever “de verdade” usando caneta e papel, sem nada eletrônico por perto, e devo confessar que talvez esteja fazendo isso agora como uma forma de nostalgia, uma maneira de provar a mim mesmo que consigo fazer alguma coisa diferente deles, que parecem soh tc i si fala pelu cel ou nu msn =)
Porém, entre tantas coisas diferentes, uma coisa parece que não mudou. Assim como “na minha época”, hoje os adolescentes são essencialmente pessoas carentes e provavelmente essa é a característica principal que precisamos considerar para tentar entendê-los. Sua necessidade de serem notados, compreendidos e percebidos é o marco principal dessa fase de auto-afirmação, onde tudo o que eles querem é se encontrar e achar seu caminho frente às muitas possibilidades da vida adulta. E todos, uns mais cedo, outros mais tarde, acabam descobrindo sua trilha. O duro disso tudo é que apenas quando chegam lá percebem a grande besteira que fizeram ao crescer, e aí normalmente já não há mais caminho de volta.
Pensando bem, mais que a adolescência com todas as suas peculiaridades, esquisito mesmo é o fato de eu ficar escrevendo sobre isso. Mas agora entendo que, mais que nostalgia, escrever sobre a adolescência me parece um tipo de exercício, uma preparação para os desafios que terei pela frente logo mais. Muito mais que lembrar o passado e analisar o presente, escrever sobre isso é uma maneira de olhar por sobre os ombros, procurando pelo futuro.
Um comentário:
"All the sacred, comes from youth..."
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