31.3.06

Provação com provocação

Não sou uma pessoa das mais religiosas e quem me conhece sabe o porquê de Asceta: uma maneira de tentar não me esquecer que preciso cuidar mais de meu lado espiritual, que tantas vezes acaba esquecido e que só recebe minha atenção quando surge algum tipo de problema que só pode ser resolvido com a ajuda de Alguém de um plano superior.
Religiosidade, espiritualidade, crença, fé e afins nunca foram meu forte e destino sempre significou aquilo que procuro, o lugar para onde aponto meu barco enfim, uma coisa que depende das escolhas que faço e, também não dá para negar, de um pouco de sorte para estar no lugar certo na hora certa.
Apesar disso tudo, há momentos que parecem terem sido feitos exatamente para provar o contrário, para mostrar que apesar de toda essa racionalidade e controle que acredito ter, as coisas simplesmente não são tão simples assim.
Sim, a culpa é minha, não há como negar, afinal fui eu quem correu atrás disso, fui eu quem não adotou as preventivas necessárias e, talvez o pior de tudo, fui eu quem deixou as coisas chegarem onde estão mas, todas as vezes que me pego nessas situações, fico a me perguntar se é preciso passar tanto nervoso assim para me redimir ou então se a essência da provação é exatamente essa, aprender a sublimar a raiva e a decepção, na tentativa de me tornar um alguém melhor.
Enfim, seja lá qual for a resposta, não devo chegar a qualquer conclusão mais substancial nas próximas cinco décadas (numa previsão bastante otimista) então ao menos me resta bastante tempo para ficar devaneando sobre isso, cada uma das vezes que minha cruz torna a pesar sobre minhas costas.

Nessas horas não dá pra deixar de lembrar do poeta:
"Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando que, também, sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão"

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