Saída a la Kramer

Hoje pela manhã, vestindo a camisa para vir trabalhar, percebi que um dos lados do colarinho estava sem botão, provavelmente por conta de alguma lavagem desastrada onde esqueci de desabotoá-lo antes de colocar a camisa na máquina. Seguindo a mais óbvia das lógicas, somada à ululante preguiça mental de voltar ao armário para escolher uma camisa inteira, não tive dúvidas, abri a gaveta mais próxima e, com a ajuda de um cortador de unhas, tirei o outro botão, para não correr o risco de parecer desleixado andando por aí, em plena sexta-feira, usando um colarinho com apenas um dos botões.

Feliz e satisfeito com minha genial saída, tomei o rumo da agência. Já no elevador, checando no espelho se está tudo em ordem, qual não foi minha surpresa ao perceber que o dito continuava lá, intacto, como se a sorrir para mim. "Será que sonhei que o havia estirpado?" foi minha primeira reação, imediatamente rechaçada ao encontrar o danado no bolso da calça, devidamente guardado para ser cerzido num momento mais oportuno. Um olhar mais próximo ao colarinho, tentando entender o que aconteceu e só então cai a ficha: caceta, essa sexta não poderei fechar a camisa até o último botão...