11.11.05

DesRotina

O balanço desritmado do ônibus e o som rápido do metrô. Sensações que me remetem aos gloriosos idos do colegial. Naquela época, dentro de uma condução ou de outra, costumava pensar no futuro, como as coisas seriam boas, onde trabalharia e com quem aproveitaria minhas férias. Um mundo perfeito, quase sem preocupações. Um mundo bem diferente desse, mas nem por isso melhor.

Uma campainha mais alta, uma freada mais brusca e levanto o olhar pela janela. Centenas de rostos diferentes e sempre aparece algum familiar. Forço um pouco a vista e vejo que estou enganado, só a falsa impressão de alguma imagem há muito guardada.

Volto para dentro da condução e olho para os lados, para a frente, para trás. Punhos cerrados sob os queixos, mãos espalmadas nas testas, olhos fechados. Pouca conversa e muitos, muitos pensamentos soltos, voando por entre o ar abafado. Divago também, não poderia ser diferente.

Impressionante o que uma simples embreagem quebrada pode fazer. Chego à pretensão de pensar em deixar o carro na garagem por mais vezes, apenas para ter tempo de observar essas pequenas coisas com as quais sou brindado eventualmente. Mas sei que sou preguiçoso demais para isso e me resigno, contentando-me com o que consegui até aqui, ainda mais porque meu ponto já é o próximo.

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