21.2.07

Tu és o que tu comes

Três e meia da manhã, num posto à beira da SP-280, volta de carnaval. O gorducho roncador ficou no ônibus e eu, totalmente sonado desço para tentar me distrair um pouco e ver se o retorno toma contornos melhores.
Logo ao entrar, pisca para mim o pastel na vitrine, que devia estar por lá pelo menos há umas duas horas. Que mal há nisso, penso, e sigo em frente sentindo o aroma da gordur invadindo minhas narinas. Duas mordidas depois e ja sinto a gordura correndo nas minhas veias e meu estômago acusando o golpe. Meia garrafinha de H2O "Seven Up" depois e já me sinto um pouco melhor, agora pensando em alguma coisa doce para pôr pra dentro.
Mal me viro e, na vitrine oposta, reluz para mim um enxame de mini-suspiros. Pior que o pastel não pode ser, concordo com meus botões e novamente vou à luta. "Quantos gramas?" ecoa a pergunta em minha cabeça e, depois de perceber meu total despreparo para o questionamento peço 100 gramas do quitute. Pelo tamanho do saco que me foi entregue achei que a atendente estava enganada, mas não, "suspiro é leve mesmo" ela diz, esboçando um sorriso maroto, mostrando que não era o primeiro viajante incautos a ser pego de surpresa.
Sem muitas opções volto para o ônibus e mantenho o ritmo, sem me arriscar a parar de comer pois, com o gordinho ao lado quase invadindo meu banco, não teria sequer onde guardar os restos mortais dos docinhos. Uns trinta quilometros depois, e cerca de 30 mil calorias mais gordo, finalmente dou cabo do último suspiro. Nesse momento dou eu um belo suspiro e fecho os olhos. Ao abrí-los novamente, surpresa, São Paulo. Sequer me lembro mais que havia um gordinho roncador ao meu lado...
Nada como bastante óleo e muito açúcar para poder dormir em paz.
O corpo reclama, mas a alma, redimida, agradece.

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